segunda-feira, 7 de outubro de 2024

 

A História do Símbolo do Infinito

clip_image002Os Matemáticos estabeleceram a notação  aparentemente críptica das fórmulas não como  linguagem secreta, mas como maneira de aumentar a clareza. O símbolo de infinito é um dos primeiros exemplos disso.

A literatura matemática de antigamente era, pelo menos à primeira vista, mais compreensível e acessível do que hoje, pois para descrever objetos matemáticos e suas relações, os autores utilizavam a linguagem escrita corriqueira e então.

A moderna linguagem de fórmulas, que impõe vários obstáculos intransponíveis para muitos leigos e, com isso, contribui para a pouca popularidade da disciplina, deve sua existência não a uma necessidade de proteção de segredos. Ao contrário, ela é assim pela necessidade de clareza. A história mostra que os símbolos surgiram para melhor formular hipóteses e argumentos, e com isso ganhar enfoques novos e mais precisos.

O século XVII representou um salto no desenvolvimento da matemática e das ciências naturais. Entre outras coisas, foi criado o cálculo diferencial e integral para tratar de problemas físicos concretos, relativos ao movimento e velocidades dos corpos. Na virada para o século XVIII, Isaac Newton (1643-1727) e Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) lançaram as bases de uma teoria sistemática. Essa evolução geral de conteúdo na matemática favoreceu o nascimento da linguagem de fórmulas.
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O inglês John Wallis (1616-1703) foi um dos estudiosos mais ligados a esse desenvolvimento formal da matemática de seu tempo. Além de introduzir uma série de simplificações na escrita algébrica, ele foi o primeiro a abreviar o conceito de “infinito” com o símbolo ∞.

O problema do infinito – seu significado para a matemática, a filosofia e a teologia – era debatido havia mais de 2 mil anos. Utilizada por Aristóteles, a palavra grega “aperion” já se destacava no tempo pré-socrático pela sua multiplicidade de significados. Ela queria dizer sem limites, incerto, absurdamente grande, e possuía também uma conotação negativa, correspondente ao caos do qual o mundo se formou. Aristóteles, de fato, via a infinitude como imperfeição. Foi somente no início da era cristã que se identificou o “infinito” ao “Um” divino.

As reflexões metafísicas da Idade Média, acerca da natureza do infinito e da essência do contínuo, prepararam o terreno para a abordagem matemática do cálculo infinitesimal no século XVII. Por exemplo, ao descartar os métodos dos antigos no cálculo de superfícies, comparar um círculo com um polígono de infinitos lados e calcular a superfície do círculo como soma de muitos triângulos, Johannes Kepler (1571-1630) tomou por base considerações filosófico-teológicas feitas por Nicolau de Cusa (1401-1464) a respeito do infinito real e potencial. 

A Algebrização da Geometria 
 
Um aluno de Galileu, Bonaventura Cavalieri (1598-1647), foi quem adotou a visão de que a leis que valem para grandezas infinitas são diferentes das que aplicam às finitas. Com seu método dos indivisíveis ele estava menos preocupado com especulações filosóficas do que obter uma maneira prática de solucionar problemas, e conseguiu contornar certas dificuldades na soma de grandezas infinitamente pequenas.

Em seus trabalhos matemáticos, John Wallis aprimorou métodos de Cavalieri. Depois da faculdade. Quando ainda não tinha nenhuma relação com a matemática, foi ordenado sacerdote em Londres. Durante esse tempo, colaborou para a fundação da Royal Society, e em 1643 ganhou um prêmio especial por sai participação na guerra civil como decifrador de mensagens secretas.

Quando Wallis se tornou professor da cadeira Savilian de geometria, na Universidade de Oxford, isso não aconteceu por reconhecimento de suas realizações matemáticas, mas como agradecimento por suas atividades políticas. No entanto, ele logo provou ter méritos para essa posição acadêmica. Até hoje é lembrado como precursor do cálculo infinitesimal e principal antecessor de Newton, o qual foi bastante influenciado por sua obra Arithmetica infinitirum, de 1656.
Antes, Wallis já escrevera um trabalho (De sectionibus conics, 1655) em que se distanciava da concepção matemática grega ao descrever as seções da esfera como curvas planas, às quais correspondiam equações algébricas. Deduziu então as propriedades dessas seções diretamente das equações, sem argumento geométrico. Participou, assim, de um dos desenvolvimentos centrais da história da matemática, a algebrização da geometria.

Foi nessa obra que Wallis introduziu, pela primeira vez, uma modificação nas considerações de Cavalieri. Enquanto as superfícies de Cavalieri se dividiam em uma quantidade infinita de pedaços, Wallis fala de uma superfície como a soma de um número infinito de paralelogramos de igual tamanho, e descreve esse tamanho como uma “parte infinitamente pequena, 1/∞ do tamanho total, e o símbolo ∞ representa o infinito”. 

A Possível Origem do Símbolo 
 
Podemos apenas especular acerca das razões que o levaram a escolher esse símbolo. Wallis era filólogo bem antes de ser matemático, e sabia que o símbolo utilizado pelos romanos para o número 1000 (M) podia representar também “um número muito grande”. O matemático e filósofo holandês Bernhard Nieuwentijt (1654-1718) aproveitou, em seu trabalho Analysis infinitorum, de 1695, o símbolo “m” para o infinito. O novo símbolo de Wallis, porém, não tinha nenhum outro uso em matemática, além de ser bastante sugestivo, como laço que sempre retorna a si mesmo, como sugere a sequência representada abaixo:
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No começo do século XVIII, o símbolo entrou na literatura matemática e filosófica, sempre relacionado ao conceito do infinitamente pequeno, cuja legitimidade e significado estavam amparados pelo cálculo infinitesimal que nascia. Com o trabalho de Leonhard Euler (1707-1783), que adotou um ponto de vista formal e não admitiu legitimações metafísicas para as grandezas infinitamente pequenas, o símbolo ∞ tornou-se parte integrante da linguagem matemática.

No transcorrer do século XIX, a teoria das grandezas infinitesimais foi definitivamente substituída pela moderna teoria do cálculo diferencial e integral, que passou a exigir, com base no estudo de conceitos como os de continuidade e convergência, um cuidado crescente com a exatidão formal e lógica. O símbolo ∞ indicava, como hoje, processos de passagem ao limite: ele descreve, no sentido de Aristóteles, um infinito potencial.
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George Cantor (1845-1918), fundador da teoria dos conjuntos e, portanto, da moderna teoria matemática do infinito real, preferiu separar os dois tipos de infinito também simbolicamente. Ele representou o primeiro número transfinito (infinito real) como clip_image010 (álefe zero). Essa escolha parece arbitrária só à primeira vista, pois a partir de 1700, o símbolo ∞ começou a ser utilizado também fora da matemática e da filosofia, para a representação do infinito ou da eternidade – por exemplo, nas cartas de tarô que representam o mago ou o trapaceiro. O correspondente símbolo cabalístico era a letra hebraica álefe. 

Referências:
[1] Scientific American - Edição Especial nº 15: As diferentes faces do infinito

sábado, 23 de março de 2024

 

Bhaskara

No último ano do ensino fundamental, somos apresentados ás equações de 2º grau também conhecida como equações quadráticas, ou de segunda ordem e á formula para a sua solução:

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Aprendemos na escola que essa fórmula foi desenvolvida por Bhaskara (1114-1185). Porém o que muitos professores deixam de comentar é que a formula de Bhaskara não foi desenvolvida por ele, já que o mesmo afirma que a formula, já era mencionada em um manuscrito hindu do século XI, e que foi encontrado por um matemático de nome Sridhara.

Mas calma, antes de falarmos como utilizar a formula vamos mostrar que Bhaskara não leva o titulo de grande matemático por nada, pois ele pode não ter desenvolvido a formula de bhaskara, mas o mesmo colaborou significativamente com trabalhos sobre aritmética (Lilavati), álgebra com o Bijaganita e como astrônomo colaborou com o Grahaganita que são estudos sobre a matemática envolvida na movimentação dos corpos celestes.

Agora que já falamos de historia vamos para a aplicação:

Não é segredo para ninguém que a formula de bhaskara é utilizada para resolver equações de segundo grau, e ela e expressa da seguinte maneira:

bhaskara

Onde: 

x: É a variável (também conhecida como incógnita)

a: Coeficiente quadrático

b: Coeficiente linear

c: Coeficiente constante

Equação de segundo grau ou segunda ordem:

As equações de grau dois determinam os valores de uma equação polinomial de grau 2.

Essas equações são representadas pela expressão:

equação 2 grau

Neste caso a,b e c são números reais sendo a igual a 0, exemplo:

eq dois

Onde:

a: 2

b: 3

c: 5

Observe que se o numero correspondente a “a” for zero, o que teremos é uma equação de primeiro grau:

ax+b.jpg

Discriminante de uma equação:

O discriminante de uma equação é expressa pela letra grega delta certo (Delta), faz parte da formula de Bhaskara, sendo a raiz expressa na formula.

LEMBRETE: A raiz deve ser solucionada antes de inserir os valores na formula.

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DICA IMPORTANTE:

Veja que a, b e c são constantes da equação, sendo assim o valor de  pode ocorrer de 3 maneiras:

  • Se for maior que zero (delta certo>0) a equação terá duas raízes reais e distintas.
  • Se o valor de for igual a 0 (delta certo=0), a raiz da equação possuirá apenas uma raiz.
  • Se o valor de for menor que zero (delta certo<0 ), a equação não terá raízes reais.

Finalizando, as equações de segundo grau podem ser classificadas entre COMPLETA e INCOMPLETA.

COMPLETA: As equações completas são aquelas onde a,b e c são números diferentes de 0, sendo exclusivamente a formula de bhaskara capaz de encontrar a solução.

INCOMPLETA: As equações incompletas diferentemente das equações completas podem ter zeros na equação sendo esses zeros correspondente a B e C (sendo A a única incógnita diferente de 0), neste caso o resultado pode ser encontrado sem a ajuda da formula de Bhaskara.

REFERÊNCIAS PARA ESSE ARTIGO:

História da Matemática, Robson Fernandes de Farias

História da Matemática, Carl B. Boyer